Resenha - Alif, o invisível

Por Oliver Fábio
Conheça o patinho feio da livraria que ganhou minha atenção e leitura. Uma fábula no Oriente Médio sobre hackers, seres mágicos, fé, censura, racismo, revolta política e a brutalidade do Governo. 

Sinopse: 
Em um estado de exceção no Oriente Médio, um jovem hacker que atende pelo nome de Alif - a primeira letra do alfabeto árabe - oferece seus serviços a grupos de dissidentes sob observação do governo e faz o possível para se manter longe de problemas. 
Mas quando seu computador é invadido pela força de segurança eletrônica do Estado e ele se torna um foragido político, Alif se lança em uma aventura que oscila entre o digital e o físico, o real e o fantástico, o visível e o oculto. 
Mergulhado em um mundo invisível muito diferente do digital, o hacker precisará colocar em xeque suas crenças e arriscar o próprio pescoço para impedir que um antigo e precioso livro caia nas mãos erradas. 
Alif, o invisível é uma mistura sofisticada de magia, ideias, romance, tecnologia e espiritualidade; um livro de leitura irresistível. 

“Alif, o invisível” foi lançado em 2012 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 2015 através da editora Rocco, pelo selo Fantástica. Foi escrito antes da Primavera Árabe, talvez tenha sido um prenúncio da Revolução egípcia de 2011, que derrubou um governo ditatorial de quase 30 anos, e após esse movimento a internet passou a ser alvo do Governo, que buscava controlar as manifestações organizadas através das redes sociais.  

Muita emoção e tensão na tela de um computador... aí você me pergunta: como seria isso? No livro “Alif, o invisível”, você viverá um caldeirão de emoções entre o visível e invisível. The New York Times, sugeriu como o próximo Harry Potter e será se você vai concordar com essa colocação?  

Alif é um jovem programador, um hacker, que trabalha para pessoas comuns e em seu quarto luta para proteger seus clientes da censura da Revolução egípcia. Porém o trabalho dele é grande, há uma grande fortaleza digital criada pela “Mão de Deus” (Governo), para monitorar os usuários da rede, onde todo blog, chat e fóruns passaram a ser monitorados em busca de manifestações ilegais de insatisfação e inquietação contra o Governo. 

As tragédias de Alif acontecem dentro do seu próprio quarto, porém quando surge a jovem Intisar em sua vida as barreiras da sua casa são rompidas e ele viverá uma aventura mágica e espetacular e, de posse de um livro misterioso, sua vida muda completamente. 

Quando homens do Governo começam a vigiar sua porta, Alif se esconde levando sua vizinha, sua fiel amiga, para casa de um amigo. A primeira missão é encontrar um vampiro, para quem sabe se safarem dos enormes problemas que haviam se metido. 

Alif tinha se apaixonado por Intisar, mulher da “Mão” e ele descobriu o caso e Intisar se sentindo ameaçada entregou o livro "Alf Yeom" - livro secreto escrito por Gênios, “Os mil e um dias”, em referência a “As mil e uma noites” - é um raro livro, que pode desencadear um novo nível de tecnologia, um livro poderosamente perigoso e a última cópia veio parar na mão dele e a “Mão de Deus”, fará de tudo para ter esse raro exemplar e através dele, criar o seu sistema de vigilância mais sofisticado do mundo. E nas perseguições frenéticas e eletrizantes com sua amiga Dina (moça que usa burca, sensata, corajosa, equilibrada, inteligente e leal), Alif começa a ver a realidade se chocando com o sobrenatural e várias personagens vão surgindo: Vikram (um vampiro maléfico, mas que praticou bons atos para com Alif), A convertida (uma americana tentando a vida no Oriente. Exímia conhecedora de livros), Xeque Bilhah (Alif em uma fuga alucinante foi parar na Musala do Xeque, uma espécie de igreja), NewQuarter01 (Abu Talib, um príncipe de humor ácido e negro), entre outros: demônios, gênios, seres fantásticos, mulheres com cabeças de cabras, sombras... criaturas com egos a serem inflados. 




Uma leitura dinâmica, em que o aspecto fantástico foi crescendo gradativamente, até explodir no meio do livro com cenários surreais e seres mágicos intrigantes. 

As personagens evoluem ao longo da narrativa de uma forma muito cativante e amadurecem conforme vão superando seus limites e sobrevivendo às situações de perigo.  
E a incerteza sobre o final de Alif nos leva a uma melancolia e tristeza pungente 

Trechos favoritos:  
Quando Alif, diz para Dina: 
- Talvez você deva ficar até que isso tenha passado, 
será perigoso. 
- Eu sei. Por isso calcei o tênis. – p. 307 

Frase do príncipe NewQuarter01 
As revoluções só recebem nomes depois que fica 
claro quem venceu.   p. 323 


A autora apresenta as tradições, folclore, teologia, vigilância eletrônica, as condições da sociedade islâmica e os acontecimentos da Primavera Árabe se mesclam para tecer uma narrativa rica, de linguagem simples, direta e envolvente. Assim é a escrita de G. Willow Wilson, que prende de uma forma fascinante e que faz nosso coração bater de forma acelerada. 

No capítulo 16, as descrições dos momentos finais podem soar levemente confusas e não nos dar uma real noção do que está acontecendo na cena de ação, o que prejudica o entendimento. As demais descrições são boas, o leitor não perderá a paciência, pois nada beira o exagero. Algumas partes são extremamente sufocantes e agonizantes e não vemos uma luz no fim do túnel, vemos isso no capítulo 11, que é extremamente claustrofóbico e nos causa uma inquietação sem fim. 

Uma narrativa instigante, comovente, e com um final condizente. Um livro que pela capa eu jamais me empolgaria a ler, porém foi uma grata surpresa e me cativou de forma sublime e encantadora.  

Descubra a magia da cultura árabe. 



Editora: Fantástica Rocco - Páginas: 352
Livro em oferta na Casa do Livro Virtual por R$ 19,99




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